quinta-feira, 15 de maio de 2008

Abraço de morte

Frias, negras e insatisfeitas,
De dedos longos e garras brancas,
Exalam odores fortes; desfeitas
Se deitam oferecendo as largas ancas.

Atacando cavernames indefesos,
Tonantes arrastando meigas toninas,
Glaciais, mantêm, porém, acesos
Desejos de leoas assassinas.

E arrastam, puxam tudo e nada
Como se comestível e escolhida
Fosse a vida já esladroada
Da pelanga engrunhida.

Pobres, enfermiços, já entisicados
Sem ar, loucamente rodopiam...
Perdendo forças, de vontade estropiados,
Buscando a paz...expiram!

Em teus braços fortemente enlaçados
Os pescadores perdem peixe e nau!
Ó ondas, morte dos desgraçados,
Fazei de vossa espuma vau!

Deixai passar quem ama a vida!
Jogai água fora os perdoados!
Sede cáustico de quem tem ferida
Em corações loucos, desesperados!