sexta-feira, 9 de março de 2007

Tempo


No meu lago de águas escuras,
Quietas,
Sem vida,
Perdura à superfície lodosa
Uma ternura espelhada no infinito da eternidade!
Das minhas mãos transborda a minha alma
E o sofrimento faz-se doçura
Deslizando – me pelos dedos
Ansiosos de magias,
Loucuras,
Desatinos…

Para lá da minha pele,
Dos meus sentidos,
Da atracção inexplicável como um feitiço,
Transformo o amor em saudade…
E o meu desejo errante,
Nascido nos primórdios do tempo,
Flui na minha memória a caminho do futuro,
Futuro anulado
Porque, desde o início,
Este sonho viveu no passado!
Tento seduzir a roda do tempo,
Enganá-la…
Em vão…

O futuro e o presente confundiram-se…
Dessincronizados,
Abalaram ambos,
Numa corrida inversa,
Para o passado…