sexta-feira, 23 de março de 2007

Manto


Deixo escorrer os olhos pelo tempo...
Revivo emoções...
Inundam-me a alma em voo livre,
Evaporam-se-me na pele!
Aspiro os resíduos sólidos,
Pedaços de ti,
Devaneios colhidos numa Primavera serôdia!
Voo na tua ausência
Em crepúsculos atrasados...
Por instantes,
Devaneios estonteantes
Acariciam-me o rosto.
A brisa dos sentimentos
Lança-me no rosto
O aroma da tua presença...
Mas a corrente das sensações
Afoga o coração,
Destrói os diques do amor,
Arrasta a afronta e o despeito,
Trespassa-me a alma,
Salta a colina da paz,
E desce aos vales da dor!...

E não há fantasia,
Arrepio
Ou suspiro
Que desagúe na minha noite
Vazia de coxas perfumadas de maresia!
E o meu querer veste-se de vulnerabilidade!
Nua, perante a tua noite,
Deixo cair sobre mim
O manto vago do fim!