quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Escritartes.com

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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Conflito

Tingi de roxo o espelho do meu vazio,
O reflexo de ausências desmedidamente dolorosas
E batalhei num conflito de querer e dever.
Entreguei-me ao vento que me esmagou
Num tempo de barcos naufragando,
Contra as rochas de uma praia deserta,
Perigosamente lógica…
E no espaço das minhas velas de nau à deriva,
Se ousaram instalar relógios de cuco,
Presos por fios de consciência
Perfidamente papagueada…

E das moléculas que de mim brotaram em cascata um dia
Nada sei,
Para além da linha de brilho
Cada vez mais longe…

domingo, 9 de novembro de 2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

As tuas letras

Oferece-me as cores das tuas palavras,
Humedece a brisa da minha alma,
Passeia a tua folhagem de letras
Na pele das minhas pálpebras,
E deixa-me ler os gritos do teu coração!
Nos teus dedos, transporta a tua boca,
Vem procurar a minha e rouba-me suspiros!
Dilui a paixão que fizemos acontecer
Ou deixa fluir a seiva que brota de nós!
Sacia as minhas loucuras secretas,
Mistura-te comigo,
Em tons e cheiros
De mar imenso!
Enlaça as tuas pernas nas minhas,
Sê a minha raiz
E o meu veleiro!

sábado, 25 de outubro de 2008

Aplainar o tempo

Aplaino o tempo
Na inconstância do vento,
No querer do sonho,
Aplaino o tempo
E a vida
Vivida a haustos
E desesperos…

Mas o tempo,
Ingrato sedutor,
Imortal e ubíquo,
Surge, de novo,
Montanhas e vales à desfilada…

Só o eco me responde
Dessa fronteira intransponível!
Precipita-se no abismo
A vontade,
O sonho
E a vida…

O teu braço estende-se…

terça-feira, 23 de setembro de 2008

solidão

Nas brumas do tempo,
Incontornável espaço,
Me desatino no desatino de nós!

Nas inconstâncias do vento,
Incontornável suspiro,
Me desafio no desafio da vida!

Nas buscas de sol,
Incontornável luz,
Me derreto no desfazer do frio em nós!

E na ausência de um mundo em ti,
A solidão de uma vida …

Choro-te a lonjura
E o tempo sem tempo…


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domingo, 24 de agosto de 2008

Fogo fátuo

Fogo fátuo
Poisei a minha dor dentro de ninguém,
Disse-me coisas que não ouvi,
Silenciei o teu olhar...

Sobrevooei a felicidade,
Despenhei-me num oceano de vozes caladas
E não soube parar o querer
Que se apoderou da minha fraqueza!

Suspendi-me do meu desassossego
E deixei que a loucura triunfasse
Levando atrás de si a paz...

Enlacei a minha tristeza,
Caminhei pelas veredas da noite
E fiz nascer sonhos amarrados
Em fogos fátuos!

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goretidias

domingo, 20 de julho de 2008

Ocasos de sóis enfeitiçados

Danço no teu corpo torturado de prazer, plano sobre a tua pele clara e delirante, cubro-te no êxtase de corpos intensamente colados e sou mais eu … Sinto-me numa complexidade de movimentos perpétuos em torno do nosso Universo de loucura. Nada vale além desta ânsia e desta vontade intensamente impregnada na nossa pele!

Expande-te em mim, toma-me no rasto de luz colhido na vontade de nós…
Cheiro-te num chão de brisas espalhadas pelo teu corpo e saúdo o sol nos teus olhos... Fundimos os nossos olhares num fluído de sentimentos sorrindo no mundo fechado dos nossos sonhos. Perco-me no teu peito, língua enfeitiçada na tua pele. Provo-te, saboreio-te e salpico-te de ouro em forma de carícias. Embalo o meu corpo em carícias desmedidas, colhidas nos teus dedos ardentes, e sorrio numa boca por sobre ti...

Fecho-me numa tarde de mãos e lábios, em momentos tocados no prazer de músicas tocadas a dois!
Roubo parágrafos de amor ao teu peito e devolvo-as aos teus ouvidos sedentos de paz; mergulho em ti e encontro-me num desfrutar de posses intensas e perfumadas…

Olho o horizonte e descrevo o sol brilhando sobre o mar do nosso amor!...
Encontro-te nos meus olhos, num ocaso de sóis enfeitiçados pela visão de teu toque na minha pele inquieta. Macia, te penso e te quero num sorriso que me arrepia a alma e aquieta o coração.
Guio as tuas mãos à conquista das minhas formas e alvoroço-te os quereres quando me contornas o corpo ansioso. Sulcas-me a paixão em movimentos que me provocam os sentidos e, quando me prendes entre as tuas coxas, o meu sonho abraça-te cada devaneio envolto em lençóis de sedução.

domingo, 29 de junho de 2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Paz

Que faço aqui usada?
Que faço aqui desamada?
Que faço?
Quem sou?
Quem fui?
Nesta indefinição de nada saber,
Quero a paz da eternidade,
O sono dos justos ou injustos,
Dos condenados,
Dos degradados…
Quero a paz!
Quem a viu passeando pelos becos?
Quem a viu desfilar nas avenidas?
Quem a viu?
No Inferno?!
Eu vou!!!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Paixão





Um fio de teu cabelo sedoso
Toca minha fronte escaldante
E um quadro majestoso
Se avista desse mirante.

Teu braço forte me aperta
Mais, cada vez mais...
Já meu coração desperta
Em deliciosos, longos ais.

Teus lábios roçando os meus
Me fazem balbuciar
Palavras que nem nos céus
Se ouviram sussurrar.

É um mundo incoerente,
Tão distante, tão distante...
Se alcança num repente,
Se perde num instante!

Mas esse instante é uma vida
Ou por uma vida vale!
Uma paixão bem vivida
Lembra o bem, esquece o mal.

Teus lábios descem ainda...
Quem sou eu para os parar?
E se a carícia finda
Eu mando recomeçar...

">

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mudança

Homem, homem de olhos de aço,
Olhos de glaciar ao frio
Do vento Norte de meu Espaço
Vazio...

Olho-te! Não te sinto pulsar,
És vulcão já extinto.
Toco-te! Estás em outro lugar,
Sinto...

És Nada e eu ainda sou Tanto...
Sou ferida que só tem cura
Na Morte, como tu sem encanto,
Dura...

Onde foi teu carinho?
Onde tua ânsia de amor?
Ficou pelo caminho!
Desamor...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Abraço de morte

Frias, negras e insatisfeitas,
De dedos longos e garras brancas,
Exalam odores fortes; desfeitas
Se deitam oferecendo as largas ancas.

Atacando cavernames indefesos,
Tonantes arrastando meigas toninas,
Glaciais, mantêm, porém, acesos
Desejos de leoas assassinas.

E arrastam, puxam tudo e nada
Como se comestível e escolhida
Fosse a vida já esladroada
Da pelanga engrunhida.

Pobres, enfermiços, já entisicados
Sem ar, loucamente rodopiam...
Perdendo forças, de vontade estropiados,
Buscando a paz...expiram!

Em teus braços fortemente enlaçados
Os pescadores perdem peixe e nau!
Ó ondas, morte dos desgraçados,
Fazei de vossa espuma vau!

Deixai passar quem ama a vida!
Jogai água fora os perdoados!
Sede cáustico de quem tem ferida
Em corações loucos, desesperados!

terça-feira, 29 de abril de 2008

Amigo

Nas brumas matinais
De um dia tenebroso,
Meu amigo, onde vais
Iluminando, generoso,
Meu caminho tortuoso?

Teu rosto desfocado
Adivinho no escuro...
Segue-me por todo o lado
Teu sorriso puro
De homem já maduro...

Sua ubiquidade me seduz,
Me dá paz e alegria,
Ao Impossível me conduz,
Me dá alento todo o dia...
Sorri para que eu sorria!


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terça-feira, 15 de abril de 2008

Ser feliz

Ser feliz é estar contigo
Lado a lado, mão na mão,
Beber teu anoitecer amigo,
Afogar nele meu coração;

Ter-te sempre comigo
Quer chova ou caia neve,
Das agruras ser abrigo,
Gelo de coração que ferve;

Dissipar tua amargura,
Lavar todo o teu fel,
Limpar tua alma escura,
Branquear a tua pele;

Pôr toda, toda a ternura
Na tua mão calma
E tornar-me pura
Até às profundas da alma!

Feliz é ser igual a mim,
Ter-te igual a ti somente,
Jurar de mãos dadas, enfim,
Sermos Um eternamente!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Optimismo

Optimismo é beijar tua face
Sonhando beijar teus lábios
Como se o hoje em ontem se tornasse
E o uno se fizesse em vários.

Optimismo é prender tua mão
Sonhando tomar teu corpo inteiro
Como se em alegria se tornasse a solidão
E o sepulcro, de flores um viveiro.

Optimismo é tocar tua fronte
Sonhando roubar teu pensamento
Como se o vau do rio se tornasse ponte
E o marulhar das águas, teu chamamento.

Optimismo é escutar teu coração
Sonhando acelerar seu ritmo
Como se o pulsar se tornasse emoção
E a distância entre nós um istmo.

Optimismo é levar-te, amigo,
Sonhando levar-te, amor,
Como se um dia estar contigo
Fosse diferente de dor.

Sou optimista ao cubo,
Amigo elevado a menos dois,
Quando nas ondas do sonho subo
E me afundo depois.

Sou feliz sendo optimista
Que outra coisa não sei na vida,
Neste Mundo, palco de revista,
Senão rir da tristeza em prazer vestida!

sábado, 22 de março de 2008

Liberdade


Cotovia de azul negro,
Dourados bebidos no sol poente,
Voo, voo, mas nunca chego
Ao céu azul na minha frente.

Bati as asas alegremente
Quando um caçador me acenou
E voei firmemente
Na ilusão que me cercou.

Na luz do sol me ofusquei,
Atraída por seu brilho;
Ao buscar calor me queimei
No fogo feito meu trilho.

E rolei, rolei sobre mim
Até à infinidade da dor,
Buraco negro sem fim,
Sorvedouro, pântano sem cor.

Fico mais e mais pequena,
Novelo apertado em mão cruel
Solto-me! O coração sai de cena
Vogando em outro batel.

Não olho para trás em alto mar.
Fecho os olhos e remo, remo
Um, dois, um milhão, sem parar,
Num rumo onde nada temo.

Voo livre nas asas do vento,
Sem amarras nem ilusões!
Ter visto o Sol não lamento,
Tão pouco o tormento
Sofrido em turbilhões
De feroz e agreste vento!



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segunda-feira, 17 de março de 2008

Solidão

Caminhante solitário
da rua nua e crua,
da felicidade, retardatário,
da dor, acérrima pua,
pensa estar só, mas não.
Nas ruas cheias de gente
à sua volta outros estão
e sentem o que ele sente!

Neste mundo de flâmeos seres
que se limitam a coruscar
entre o ser e...os pareceres
de almas corticentas a valsar
não estás só, comissário da dor,
nessa tua solidão indelével!
De um só hausto respiro a cor
desse corcel indomável
que percorre nosso peito,
sem rédeas, imparável,
às lutas bem afeito,
de negro insaciável!

Vem, Sol, desacerbar
a angústia do vazio!
Vem, Lua, exceptuar
nosso Destino vadio!



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quarta-feira, 5 de março de 2008

Sonho

Sonho – irrealidade feita real,
Ficção feita verdade,
Pálida pétala, alva cal,
Rúbidas de saudade –

Acolhe-me em teu seio,
Embala-me em teus braços,
Apaga este fogo que ateio
A meu coração em pedaços!

Vem minha causa pleitear
Contra meu sorumbático Destino
Que se apraz em ombrear
Com o maior desatino!

Vem! Não fujas...
Vem! Eu te quero...
Ainda que finjas,
Vem! Eu te espero!


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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eu te odeio... eu te amo...

Eu te odeio, homem,
Por ti, mulher ofendida
Por ti, mulher de outrem
De ti esquecida

homem, eu te odeio
Pela mulher que usas
Sem carinho nem receio
Quando dela abusas.

Eu te odeio, macho,
Pelo amor que não dás,
Pela paixão que te não acho,
Pelas tuas palavras vãs.

Macho, eu te odeio
Pela fúria com que tocas
Da mulher, seu seio,
Em certas horas loucas.

Eu te odeio, Ser letal,
Com toda a convicção
Do que meu corpo, gelo e sal,
Sente ao toque de tua mão.

Eu te odeio, Ser horrendo,
Com furiosa paixão.
Amor e ódio vão sendo
Hastes de um só diapasão!

Eu te amo, Homem,
Por cada mulher acarinhada,
Diferente das que sofrem
Porque bem amada!



Homem, eu te amo
Por cada Mulher que fecundas
Sem raiva nem engano,
Duas almas juntas!

Eu te amo, Ser viril
Com minha alma de Mulher,
Flor do mês de Abril,
Pétala de malmequer.

Eu te amo, Ser de mel,
Lírio puro de veludo,
Quando toco tua pele
E meus lábios pedem tudo!

Eu te amo, Homem,
Ser íntegro, verdadeiro,
Amante, amigo também,
Homem... por inteiro!



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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A um ideal

Quero agarrar tua mão,
Um a um beijar teus dedos,
Dizer sim quando a lei é não,
Espantar os medos!

Quero acariciar teus cabelos,
Morder teus lábios cheios,
Esfregar, furiosa, em teus pêlos
Meus seios!

Quero possuir-te inteiro,
Eu, pela metade possuída,
Num Tempo Absoluto, Primeiro,
De Vida!

Quero ser tua e que tu sejas meu
Eu, Tu, Nós, um Todo,
Tudo o que a Natureza me deu
Em fogo!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Paisagem

A água escorre pura,
Prata saltando a rocha,
Luz de minha noite escura,
Da madrugada minha tocha.

As pedras lisas refulgem
E o cenário se compõe,
As margens tristes se tingem
Do ouro que o sol lhes põe.

O verde fica mais dourado,
As velhas pedras mais vetustas,
O azul da água prateado,
As nossas vidas mais curtas.

E as margens se alongando
A nossos olhos esfaimados...
Os pássaros passam em bando
Lembrando sonhos cansados.

De que nos vale sonhar
Mais, mais e sempre mais
Se, quando o dia acabar
Não saberei onde tu vais?

De que serve, debaixo da ponte,
Espreitar o outro lado
Se, por mais que eu conte,
Não o serei como era dado?

A vida que está de lá
É igual, sem tirar nem pôr,
À deste lado de cá:
Mais amor, menos amor...

De que serve dares-me a mão
Se já não tenho o braço?
De que me serve o coração
Numa vida de cansaço?

A paisagem bem ri, serena,
Querendo dar-me paz,
Mas não traduz mais que a pena
De não ser capaz!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Chuva

A chuva cai serena e pura
Lavando a minha alma
De uma carapaça dura
Aparentando calma!

O que vai no meu peito
Não é calma, é dor
De uma paixão que tem por leito
Um glaciar debruado a calor!

E eu peço: calor desfaz o gelo,
Gelo arrefece o fogo!
Mas o frio continuo a tê-lo
Porque o calor foge logo!

E o frio em mim permanece
Porque o gelo não se desfaz;
O calor que o aquece
Não tem força capaz!

Só a chuva ameniza meu ser,
Diminui o frio que queima.
E o gelo, a aquecer,
Ainda assim teima, teima...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Estrela cadente

Cai, estrela cadente,
Cai na minha alma,
Torna-a ardente,
Tira-lhe a calma...

Ela esqueceu-se de viver,
Esqueceu-se de sonhar,
Já não tem querer
Que a faça andar!

Apagou-se na escuridão
De uma noite sem lua,
Só, entre a multidão
Que enche a rua.

Dá-lhe um pouco de tua luz,
Dá-lhe um pouco da prata
Que a queda te produz,
Leva a dor que a mata!

Fá-la vibrar!
Fá-la viver!
Fá-la cantar!
Fá-la querer!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Futuro adiado

O céu pesado de nuvens
Cinzentas, escorrendo dor,
Choram e tu não vens
Cansado de meu amor...

Rasgam-se às asas leves
De mil gaivotas de cor
Branca entoando, breves,
Um concerto em dó menor...

Não vens e elas gritam,
Como eu, por quem não vem
E meus braços se agitam
Numa força que já não têm!

Solto-me no ar pesado
De chumbo, como meu peito,
Num Futuro adiado
Para sempre em seu leito!

domingo, 20 de janeiro de 2008

As ondas do mar






As ondas do mar me embalam
Em berço azul e salgado,
Os salpicos brancos me falam
Que meu amor é chegado.

As ondas do mar mo mostram
No alto de um rochedo,
Os meus olhos o encontram
E o olham tão a medo!...

As ondas do mar me sussurram
Que ele me quer tanto, tanto
Que seus olhos me procuram
Tomados de doce encanto.

As ondas do mar me segredam
Que seu amor é imenso,
Meus sonhos aí se quedam
E em seus lábios penso!

As ondas do mar me salpicam,
Meu bem, de carinhos salgados
E meus sentidos ficam
Dolorosamente alterados...

As ondas do mar me esperam
Como tu me esperas,
Meus braços a elas se deram
Alcançando outras esferas.

As ondas do mar me tomaram
Como tu me tomaste,
Meus pés se deslocaram
Para o caminho que traçaste!

As ondas do mar me levaram
Como tu me levaste,
Meus desejos se soltaram
No caminho que buscaste!

As ondas do mar nos uniram
Num abraço fatal
Que nossos corpos sentiram
Em ânsia colossal!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Mundo







Uma luz brilha no escuro,
Estrela cadente riscando os céus,
Rasto de luz, ouro puro
Em seda negra bordando véus.

E os véus de noite feitos
Se tornam de vida adornados
Buscando argênteos leitos
Com mil anjos alcandorados.

E enfeitam a vida que se quis
Em Mundo que se não podia.
E a Morte à Vida diz
Que a Noite antecede o Dia!

Mas eis que a vitória final tarda!
A Noite e o Dia, inimigos irmãos,
Se distantes apenas uma jarda,
A tornam anos-luz em nossas mãos!

Não sei onde fica a Noite e a Morte,
Tão pouco a Vida e o Dia,
Mas sei que a má sorte
Coabita com a alegria!

Dor e alegria,
Paz e guerra,
Noite e dia,
Ar e terra,
Vida e morte,
Mãos e pés,
Azar e sorte...


Antítese és!

sábado, 12 de janeiro de 2008

Agradeço à turtlemoon a escolha do meu blogue.
O meus nomeados são:



Papagaio de papel


Sobe, papagaio de papel,
Às nuvens de poalha dourada,
Solta-te desse cordel,
Procura outra estrada!

Sobe, procura teu galardão
No Sol que te acena sorrindo,
Em cada raio uma mão
Que te diz: bem-vindo!

Sobe, que já desceste a pique.
Aproveita o vento de feição,
Pede-lhe com alma que fique
E carregue teu coração!

Sobe, abarca todo o Universo,
Agarra-o com tua mão,
Grita-o como um verso,
Agita-o como furacão!

Sobe, apossa-te do Mundo.
Aproveita seu azul vivo,
Radiante, tão profundo,
Deixa de gemer: “ Não consigo!”.

Sobe, no Sol te quero.
Nas nuvens por sobre o mar,
Em volúpias azuis eu espero
Bilros dourados te ver sonhar!


EscritArtes

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cansaço

Mundo cruel, Vida tirana...
Por que esperas Morte ingrata?
Tua foice, em minha alma, sana
As feridas que ninguém trata!

Velha negra, por que esperas?
Cobre meus ombros com tua capa,
Carrega-me para outras esferas
E tua voz soará como harpa!

Teu canto será suave
Como canto de sereia,
Não colocarei entrave
Sequer te acharei feia!

Dá-me o teu regaço,
Mãe te sentirei!
É tão grande o cansaço!...
Dormirei!...


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terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Tua mão

As águas límpidas fluem
Num sussurrar incolor;
Luz e sombra se confundem
Numa tela bicolor.

Azul e verde, generosos,
Trazem paz ao meu olhar.
Anseio bosques frondosos,
Água fresca a borbulhar.

Alongo-me perdida
Na imensidão dessa paz.
Dás-me a mão já esquecida
Da doçura de que és capaz!

Aceito-a porque te quero
Num querer doce de cores
Que se esperam e eu espero
Longe de negrumes e dores.

Pudera eu eternizar
A doçura deste momento,
De vez ao mar lançar
Todo o meu tormento...

Pudera eu morrer assim,
Bêbada de azul e verde,
Vendo descer sobre mim
A benção de uma mão que se perde...

A felicidade desse instante
Seria o Paraíso que se sonha;
Teu olhar, o bastante
Para que um Céu se componha...


Socorro!, Deus, que blasfemo!
Ai! O Amor é tão louco
Que, por ele, nada temo
E a dor sabe-me a pouco!




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