terça-feira, 13 de novembro de 2007

Alma

Dás-me a tua mão.
Não me basta, quero mais.
Meu indomado coração
Quer amigos leais.

Dás-me a tua boca.
Adoro-a, não o nego,
Mas isso é coisa pouca
Quando a ti me entrego.

Dás-me o teu corpo.
Recebo-o com prazer,
Uso-o, com ele me dopo,
Mas não é o que quero ter.

Dás-me o teu desejo.
Adoro-o, por ele anseio,
É sem qualquer pejo
Que nos teus olhos o leio.

Sou deus ou demónio.
Tudo o que me dás não basta.
Meu ser, em pandemónio,
O teu aos poucos gasta.

Não quero teu corpo só.
Quero toda a tua alma,
Com a minha em cego nó,
Afundando-se num mar de calma.

Dá-me a tua alma inteira!
Só isso bastará ao sonho
De alma, sem eira nem beira,
Que nas tuas mãos agora ponho!



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