domingo, 31 de dezembro de 2006

Morte


Nas minhas fantasias de ontem,
Espreito de um céu que não conheço
E abraço as estrelas que não vejo!

A insónia embala-me num estremecimento ...
A dor espicaça-me a mente
E não sei para onde fugir!

A maciez da minha voz esgueirou-se,
Ficou a rispidez do medo,
A ânsia da fuga que não descortino!

Guardo o cheiro de carícias que não quero,
A dor de suplícios ousados e desusados,
Numa angústia encravada no coração!

Fecho os olhos e peço a morte,
Mas a tua prece é maior que a minha
E eu continuo moldada na vida que não quero!

sábado, 30 de dezembro de 2006

Outro desejo


Sob o vento da solidão,
Desabotoo os dias,
Dispo as vestes da vontade,
Fico nua na minha alma!
Arrasto o espírito pela saturação das ruas sem paz,
Desencontro-me de ti nos atalhos invisíveis!
E fujo!
Fujo!

Respiro numa cadência inventada,
Num pensamento asfixiado,
Num vazio em que espero um milagre.

Retiro-me lentamente da lembrança,
Suturo as veias donde ela irrompeu
E arrefeço!

Fica-me este corpo mais pequeno,
Outra dimensão,
Outro desejo,
Outra saudade...
Alastrando...

Ajusto-me à eternidade,
Abraço-te no fim das horas,
Conto-te os segundos em que não existo!
Não existimos

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

A porta do tempo


Fecho a mão dentro do sonho,
Abro-a dentro do destino,
Ofereço-a ao enigma da tua vida!
Mas no cume dos teus olhos
Desapareço à sombra da sua luz!
Abro a porta do teu tempo,
Oleio as fechaduras enferrujadas
E entro de semblante pintado de dúvida...
Penduro-te nos cabelos estrelas de luz,
Cubro-te o peito de prefácios de prazer
E assombro-te a alma com as cortinas do meu corpo!
Com o vento macio dos meus lábios
Refresco-te a carne do sonho
E faço voar as tuas asas presas à razão...
No estilhaço do momento,
Perdemo-nos além - corpo,
Além - alma
Além - tudo!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006


Como um lago de águas sujas e paradas, sou eu sem ti!

Futuro


Sob a alucinação do brilho intemporal dos teus olhos
Perco-me num caminho bordejado por estrelas
Atapetado por carícias
Acordadas,
Lentas na madrugada!
Sopro nos teus lábios o silêncio,
Encanto-te com palavras de fogo
E abraço-me aos teus lençóis que não conheço!
Na nossa paixão,
Beijo-te sem saberes,
Guardo lembranças inexistentes
De instantes de loucura!
Estremeces nos meus sussurros
Na loucura doce dos meus seios!
A minha saliva queima a tua língua
E apagas o ardor nas minhas coxas,
No meu corpo aberto,
Franqueado,
Flor para ti!
Habitas cada entranha minha
És meu no infinito do tempo
Dentro de mim...
Para lá da saudade,
Decifro o teu desejo,
A tua alma girando em torno da minha paixão...
E espero que o tempo resolva o futuro

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Amante


A lua desce suave
Terna como um amante…
Ofereço-lhe o corpo
Para que desça sobre mim!
A sua luz espalha-se dando cor à minha pele,
Rolo,
Enrolo,
Rebolo sobre ela
Mas só te quero a ti!
Vem tomar os seus dedos de luar
Desce tu sobre o meu corpo!
Onde estás?
Perdi-te para quem?
Para quê?
Eu continuo aqui,
Sem ti,
Abandonada aos dedos da lua
Ela me possui em teu lugar!

Parados no tempo


As luzes invadem o nosso quarto,
Espreitam da rua,
Curiosas...
Fecho as cortinas,
E na penumbra que nos envolve,
Procuras-me,
Testemunha do teu momento de paixão!
Sobre a cama imensa,
Encontras-me...
A música que nos invade
Vinda da rua ou de nós mesmos
Domina a atmosfera pesada de desejo...
Os nossos corpos não querem dormir,
Apenas amar,
Amar como se nunca nos tivéssemos amado!
Tombada sobre os lençóis de seda,
Escorrego para o teu corpo,
Toco-te,
Quero-te,
Beijo-te...
E, na imensidão do céu que nos espia,
Deslizas sobre mim!
O ritmo alucinado de dois corpos que se unem
Guia – nos o prazer!
Para além dos continentes e oceanos,
Sou tua,
És meu!
Devoras-me em beijos de línguas húmidas...
Deixas em mim a seiva que o meu corpo colhe...
Possuo-te em cada espasmo!
Dou-me em cada contracção!
A luz baixa sobre os nossos corpos suados,
Parados para o tempo!

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Êxtase


Envolvo-me nos lençóis da noite,
Transpiro no suor do teu peito...
O teu beijo invade-me a alma
Nua
E serpenteio por entre as tuas coxas
Derretidas de prazer!
Ato um laço intemporal
Entre o teu corpo e o meu,
Prendo-te no desejo do que não achas,
E soltas-te num grito molhado,
Êxtase que me inunda!
Provo-te,
Sugo-te,
Devoro-te o gozo,
Condimentado
Por meus suspiros de prazer!
Arde em ti a minha magia,
Os teus dedos em ousadias desmedidas
Sulcam a minha pele...
Embrulho as minhas ancas e o meu ventre
No silêncio do teu olhar!
Acompanhadas por um convite
Aberto ao sonho,
As envio à saudade insaciada!

Em outra dimensão


Na areia da praia,
Sinto a chuva penetrar-me a alma,
Lavar-me a saudade e o corpo...
Deixo cair as minhas roupas
E assim desnuda
Deixo o frio gelar-me o corpo...
Dormente, sinto as pequenas gotas!
Calam-me o desânimo,
E levam-me pela mão eternidade fora
Numa dimensão que desconheço,
Num tempo só nosso!
Esperas-me,
Recolhes-me na queda,
Para lá da linha invisível da dor,
Abraças-me,
Inanimada e sublime na paixão
Que carrego no meu peito!
E em cada segundo que o tempo faz girar
Recebo mil milhões de beijos
Que a minha ausência fez nascer em ti!
Inalo o ar que os teus pulmões me sopram
E hidrato-me na tua boca...
Trago-te para dentro de mim
Em cada inspiração,
Emoção e sentimento,
Corpo e alma
Em palavras finalmente sussurradas no meu ouvido!

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Um fio de sonho


Ato um fio de sonho
A uma centelha dos teus olhos,
Prendo outro no tempo,
E mais outro no espaço!
Sento-me no teu sorriso
E os teus dentes alvos
Acariciam-me a saudade!
Olho o céu
E leio nas estrelas o teu caminho...
Perco-me nas ondas das tuas palavras
E esqueço o calor dos teus braços!
Entrego-me à carícia da tua lembrança
E roço os lábios na tua indiferença!
Entrelaço os dedos nas forças que não sinto,
E carrego os teus átomos para a minha cama!
Contorço-me nela e recolho um beijo do acaso!
Neste mistério escorrendo pela cascata da alma,
Partem-se os fios,
Precipito-me no abismo!

Mar


A magia das tuas águas vicia-me,
Alucino-me na tua boca azul,
Aqueço-me na sua saliva salgada...
No roçar das tuas ondas,
Perco-me na emoção das horas,
Dos minutos de prazer,
Colhidos no teu estar!
As palavras que solto,
Na loucura do êxtase,
Abandono-as ao vento...
Ele leva a minha alma na sacola,
Perdida em palavras de beijos,
Suspiros de vírgulas,
Desejos de parágrafos!
E na poção mágica
De um ente mágico,
Evaporo-me num transe de veneno e mel!

sábado, 23 de dezembro de 2006

Ânsia


Vem contar-me uma história de amor
Ao ouvido da minha Paixão!
Escreve na minha pele,
Com teus dedos de mel,
Um conto de fadas!
E no primeiro raio de sol
Que poise nas águas azuis do meu mar
Enviarei esta miragem
Que suspirará ao teu toque!
E, quando os teus olhos me sonharem,
Envolverei o teu rosto nas minhas mãos,
Regarei de perfume o meu perfil
E o vento te levará o meu rasto!
Escorregarei na areia quente do teu peito,
As gaivotas te levarão o ardor dos meus lábios
E a minha ânsia de me inundar de ti!

A minha noite

Solto-me em visões,
Confesso-me em mistérios
De lua Cheia...
Procuro-te entre o Tempo,
Em nebulosas que desconheço,
Numa intensidade de sussurros,
Em mudos apelos!
E no céu que te ofereço
Sopro letras e palavras
Cúmplices dos meus lábios!
Passeio-me sobre um amor
Feito de melodias insensatas,
Centelhas de desconhecido
Fechadas num mundo que não conheço...
E, no início de nós,
Encontro-te na eternidade
De um luar
Aberto sobre a terra,
No céu da minha noite sem estrelas!

Amo-te

Chamam-me do lado de lá,
Do futuro adiado,
Espero...
Quero pensa, mas a voz continua,
Ou o seu eco!
Por favor, calem-se!
Quero pairar sobre mim,
Descobrir o que é este entranhar-me
Em sentimentos desconhecidos,
Estas emoções mágicas
De sonhos transformados em nuvem
Voando até ti!
Lancei as minhas palavras em letras soltas
Em bolas de sabão que sobem,
Sobem ...
Quando elas rebentam no ar,
As letras juntam-se num bailado,
E no céu apenas se lê:
Amo-te!
No azul, as letras fazem uma dança de roda!
Em todas as posições, dizem sempre o mesmo.
De mãos dadas,
Não mudam de posição,
Não se desencontram
E só se lê: amo-te!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Vento

Confinada ao ritmo do tempo que sei,
Afasto-me de ti...
No ar fica o perfume das tuas mãos
Dançando num teclado de estrelas
Enviando mensagens às minhas...
Assim, a saudade não tem cheiro
E as nossas peles não se dispersam
Num universo vazio de nós!
Fundidas,
Tocam melodias de ventos mansos,
Brisas suaves,
Levantando a orla da minha saia!
E nas minhas pernas perversas
Ele deixa recados de almas que não decifro,
Por demasiado loucas...
Gira-me em torno do corpo,
Lambe-me os joelhos...
E em cada segundo
Deixa uma espera
Que o futuro resolverá!

Tempo

Não questiono a vigília,
Mas não a procuro...
Quando cruzo os céus e os mares
À procura de respostas
Voo contigo
Num estado de delírio que me quiseste dar...
Não sei quem comanda o sonho
(Ou o sono)
Mas sei que torna a vigem mágica!
Vejo-te mudo
Através da vidraça empoeirada pelo tempo...
Esfumas-te por instantes
Num tempo para lá do tempo,
Tomas a forma de um corpo...
Revejo a tua face e o teu sorriso,
Reduzo a distância,
Nos teus braços,
Ao zero absoluto!

Carícias

Não receio que me olhes,
Não receio que me tentes,
Me rodeies,
Me empurres,
Me puxes...
Não te fujo,
Não te enfrento...
Abandono-me
Às carícias quentes
Que se apoderam do meu pensamento,
No brilho das armadilhas que colocas no céu!
Cruzo o teu olhar
E a tua pele,
Passo pelas tuas partículas
E entranho-me em cada poro
Do teu ser.
Afago-te o gesto,
Apodero-me do teu momento...
E consumida de desejo
Possuo-te a alma!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Conto proibido

Durmo ao luar,
Perfumo-me de sol,
Quero ser a tua noite e o teu dia!
Alimento-me dos teus sentidos
E dos teus feitiços...
Vem... mistério estrelado,
Revela-te nas fases da minha lua,
No eclipse do meu sol...
Quero mostrar-te os anjos nus da minha alma,
Na caverna do meu ser!
À noitinha, nos meus braços,
Na pureza do meu sonho,
Colherás as minhas letras,
E os dedos que as pintaram,
Assustados,
Perdidos,
De tanta ousadia!
Traz nas entrelinhas a luz
Para podermos,
Bem juntinhos,
Ler os dois
Este conto proibido...

Mensagem

Lanço-me rumo ao mar
De palavras em riste!
Olho o céu,
Sou a última sonhadora
Desafiadora de limites nunca antes sonhados!
Mas nem eu mesma conheço
O conteúdo da minha mala de viagem,
A velocidade das minhas barbatanas,
O rumo da minha cauda!
Deixo-me levar por estes dedos que caminham
Num céu de palavras
Em papéis brancos de viagens!
Desenho a minha alma numa folha de papiro,
Fecho-a numa garrafa
E lanço-a ao mar!
Ela vai procurar os teus dedos e os teus lábios,
Lamber o teu peito de sol,
Sugar a humidade de tua boca!
E nestas minhas frases sem Tempo
Possuo-te com o prazer da dor
De possuir sem posse!
Quero-te!
Apanha as minhas letras
E os meus versos!
Faz com eles uma história de amor!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Minha alma

A minha alma berlinde
Abre a porta do cérebro
E rola, como louca, até ti...
E diz-te palavras,
Ecos vazios,
Ressoando no meu corpo de mulher!
Aconchego-me no teu colo de fantasia
E durmo ao som da tua voz que não conheço...
Entristeço pela palavras que choram no meu papel
E espero que as seques!
Nos textos de aromas e sabores de beijos,
O vazio chama pela tua carícia salgada,
Pelos teus olhos nos meus,
Pela magia que me faça sereia...
Ou anjo!
Mas ela foi-se!

Vida

Na imensidão do mar
Imagino o teu olhar,
Invejo golfinhos e tubarões
Em momentos que arrasam fronteiras
Brindando a vida com murmúrios de alegria!
Imagino o calor das tuas mãos que não conheço,
Volto a sentir-lhes o toque que não tive
E brindo-te com um sorriso que nunca viste
Mas conheces do sonho!
Traça em tinta de sal o contorno do meu corpo
E cola dentro do teu peito o meu segredo!
Concebe dentro do teu ventre
O passo que me permitiste
E sela num beijo a vida
Num instante!

Filme

Caminho,
Caminho sem destino certo...
Parada à porta do tempo,
Vislumbro os raios de sol
No Hemisfério da minha saudade...
A densa floresta,
Não mais densa que eu,
Mostra-me a escuridão!
Caminho por entre ramos e lianas,
Sopesando a tristeza,
Mas a minha noite é igual a meu dia!
Tiro um bilhete para o filme da vida
Mas desconheço a sala!
O filme começou e perdi o principal!
Estou atrasada...
Mais vale voltar amanhã...
Ver outro filme!

As tuas letras

Oferece-me as cores das tuas palavras,
Humedece a brisa da minha alma,
Passeia a tua folhagem de letras
Na pele das minhas pálpebras,
E deixa-me ler os gritos do teu coração!
Nos teus dedos, transporta a tua boca,
Vem procurar a minha e rouba-me suspiros!
Dilui a paixão que fizemos acontecer
Ou deixa fluir a seiva que brota de nós!
Sacia as minhas loucuras secretas,
Mistura-te comigo,
Em tons e cheiros
De mar imenso!
Enlaça as tuas pernas nas minhas,
Sê a minha raiz
E o meu veleiro!

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Nada

Nada

Chove-me no sonho
A tua ausência...
Cansa-me a saudade...

Quero-te na voz doce,
Nos braços carinhosos,
Na pele quente que não chega!

Calo os beijos que não te dou,
Os lençóis que não aqueço,
As lágrimas que não choro...

Convido o nada para o amor,
Deito-me com os momentos que perdi,
Molho o chão da paixão
E afogo-me nas cascatas da paixão que não sei!