sábado, 22 de março de 2008

Liberdade


Cotovia de azul negro,
Dourados bebidos no sol poente,
Voo, voo, mas nunca chego
Ao céu azul na minha frente.

Bati as asas alegremente
Quando um caçador me acenou
E voei firmemente
Na ilusão que me cercou.

Na luz do sol me ofusquei,
Atraída por seu brilho;
Ao buscar calor me queimei
No fogo feito meu trilho.

E rolei, rolei sobre mim
Até à infinidade da dor,
Buraco negro sem fim,
Sorvedouro, pântano sem cor.

Fico mais e mais pequena,
Novelo apertado em mão cruel
Solto-me! O coração sai de cena
Vogando em outro batel.

Não olho para trás em alto mar.
Fecho os olhos e remo, remo
Um, dois, um milhão, sem parar,
Num rumo onde nada temo.

Voo livre nas asas do vento,
Sem amarras nem ilusões!
Ter visto o Sol não lamento,
Tão pouco o tormento
Sofrido em turbilhões
De feroz e agreste vento!



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