terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Ilusão de óptica




Este é o meu desejo dissimulado,
O meu devaneio inquietante,
A minha demagogia...

Em metáforas abusivas
E flocos de poesia soltos ao vento,
Perco-me por aí sem encontrar a tua rima.
Junto palavras e invento cores na minha alma,
Tento decifrar-te nas entrelinhas,
Mas apenas encontro,
Na carícia das letras,
Pedaços de ti,
Das tuas mãos macias,
Dos teus lábios quentes...

E frases apetecidas desenham-se
Em capítulos que o Infinito escreve.

Roço os meus olhos alucinados por cada uma.

E têm todas o mesmo traço e o mesmo gosto!
Numa ilusão de óptica,
Apenas dizem”amo-te muito”!...

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Noite


Depois de fins,
Copiados de não começos,
Foste o meu início perdido.

Encontrei-te na sombra da minha noite!
Entre sonhos me prendi a ti,
Em cumplicidades inesperadas me fiz tua…
Envolvida numa explosão de luz e sentimemnto,
Ateei fogo à minha paixão,
Abri o meu silêncio secreto,
Fechado no livro da alma.

Num mundo só meu
Conjuguei a dor de amar
Em tempo e modo só meus.
Inventei a paixão…
À imagem da tua proximidade!

E agora contemplo de novo a noite,
Tento esquecer o caminho que me conduziu a ti,
Atravesso o tempo…
No teu pensamento
Traço o início da eternidade…
E no meu querer
A intensidade do amor tatua a minha paz!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Destroços



Rastejo no vazio,
Procuro a luz da tua mão,
As respostas às perguntas que não fiz…
A dor empurra-me,
Não tenho forças…
De encontro ao chão sufoco,
Não consigo pensar!
As lágrimas esvaziaram-me a alma!
O sofrimento alongou o tempo
E o discernimento ficou soterrado
Sob o monturo de escombros
Das paredes que o Amor não construiu!
Olhei de perto os destroços…
Lenta e sofrida, olhei-os de perto.
Ao teu lado,
Feri as minhas mãos de fantasia
Na tentativa de reconstrução.
Não pude!
O fim anunciado inundou-me.
Fiquei presa nos despojos do passado!
Estendi a mão
Num pedido mudo de socorro.
Não ma seguraste.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Saciada

Desenho-te na tela branca da vida
Com os meus dedos de saudade!
Traço-te o contorno do corpo
E da alma que não sei!
Incandesce o corpo,
Arrefece a alma!
Derretem-se os sentidos
E a minha noite ganha luz!
Na minha face,
Os teus cabelos sussurram melodias
E nas minha mãos,
A tua noite gelada queima!
Chamo a tua boca com um corpo que estremece
Ondulante,
Colado,
Molhado!
E colho teus segredos maduros
Como frutos doces,
Suculentos,
Em que me sacio!
Saciada,
Liberto-me em ti!
E tu em mim!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Mais perto



Na voz rouca do mar,
Escuto o teu sussurro,
Personagem de ti
Com poder mágico de te evocar!

Forças desconhecidas de almas despedaçadas
Unem cada elo codificado
À deriva no Cruzeiro do Sul!

À frente dos nossos olhos
Aparecemos feitos de loucura
Em momentos criados no vazio da noite
Numa solidão repleta de nós!

Falamos com as estrelas,
O vento e a lua,
Ouvimos o riso das gaivotas e das piranhas...

Aí,
Longe de tudo,
Somos...
Mais perto de nós!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

A porta do tempo

Fecho a mão dentro do sonho,
Abro-a dentro do destino,
Ofereço-a ao enigma da tua vida!
Mas no cume dos teus olhos
Desapareço à sombra da sua luz!
Abro a porta do teu tempo,
Oleio as fechaduras enferrujadas
E entro de semblante pintado de dúvida...
Penduro-te nos cabelos estrelas de luz,
Cubro-te o peito de prefácios de prazer
E assombro-te a alma com as cortinas do meu corpo!
Com o vento macio dos meus lábios
Refresco-te a carne do sonho
E faço voar as tuas asas presas à razão...
No estilhaço do momento,
Perdemo-nos além - corpo,
Além - alma
Além - tudo!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Futuro


Sob a alucinação do brilho intemporal dos teus olhos
Perco-me num caminho bordejado por estrelas
Atapetado por carícias
Acordadas,
Lentas na madrugada!
Sopro nos teus lábios o silêncio,
Encanto-te com palavras de fogo
E abraço-me aos teus lençóis que não conheço!
Na nossa paixão,
Beijo-te sem saberes,
Guardo lembranças inexistentes
De instantes de loucura!
Estremeces nos meus sussurros
Na loucura doce dos meus seios!
A minha saliva queima a tua língua
E apagas o ardor nas minhas coxas,
No meu corpo aberto,
Franqueado,
Flor para ti!
Habitas cada entranha minha
És meu no infinito do tempo
Dentro de mim...
Para lá da saudade,

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Amante

A lua desce suave
Terna como um amante…
Ofereço-lhe o corpo
Para que desça sobre mim!
A sua luz espalha-se dando cor à minha pele,
Rolo,
Enrolo,
Rebolo sobre ela
Mas só te quero a ti!
Vem tomar os seus dedos de luar
Desce tu sobre o meu corpo!
Onde estás?
Perdi-te para quem?
Para quê?
Eu continuo aqui,
Sem ti,
Abandonada aos dedos da lua
Ela me possui em teu lugar!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Parados no tempo

As luzes invadem o nosso quarto,
Espreitam da rua,
Curiosas...
Fecho as cortinas,
E na penumbra que nos envolve,
Procuras-me,
Testemunha do teu momento de paixão!
Sobre a cama imensa,
Encontras-me...
A música que nos invade
Vinda da rua ou de nós mesmos
Domina a atmosfera pesada de desejo...
Os nossos corpos não querem dormir,
Apenas amar,
Amar como se nunca nos tivéssemos amado!
Tombada sobre os lençóis de seda,
Escorrego para o teu corpo,
Toco-te,
Quero-te,
Beijo-te...
E, na imensidão do céu que nos espia,
Deslizas sobre mim!
O ritmo alucinado de dois corpos que se unem
Guia – nos o prazer!
Para além dos continentes e oceanos,
Sou tua,
És meu!
Devoras-me em beijos de línguas húmidas...
Deixas em mim a seiva que o meu corpo colhe...
Possuo-te em cada espasmo!
Dou-me em cada contracção!
A luz baixa sobre os nossos corpos suados,
Parados para o tempo!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Ânsia

Vem contar-me uma história de amor
Ao ouvido da minha Paixão!
Escreve na minha pele,
Com teus dedos de mel,
Um conto de fadas!
E no primeiro raio de sol
Que poise nas águas azuis do meu mar
Enviarei esta miragem
Que suspirará ao teu toque!
E, quando os teus olhos me sonharem,
Envolverei o teu rosto nas minhas mãos,
Regarei de perfume o meu perfil
E o vento te levará o meu rasto!
Escorregarei na areia quente do teu peito,
As gaivotas te levarão o ardor dos meus lábios
E a minha ânsia de me inundar de ti!

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Trajecto


Selo os murmúrios
Nas palavras esquecidas,
E pinto nas minhas tintas
A desilusão da minha pele perdendo a tua!

Lava-me a chuva quente
Das noites sem lua,
Do cheiro a citrinos
Extasiando a minha pele,
Acariciada por beijos esquecidos,
Perdidos
Sem trajecto definido nas tuas mãos!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A minha noite

Solto-me em visões,
Confesso-me em mistérios
De lua Cheia...

Procuro-te entre o Tempo,
Em nebulosas que desconheço,
Numa intensidade de sussurros,
Em mudos apelos!
E no céu que te ofereço
Sopro letras e palavras
Cúmplices dos meus lábios!
Passeio-me sobre um amor
Feito de melodias insensatas,
Centelhas de desconhecido
Fechadas num mundo que não conheço...

E, no início de nós,
Encontro-te na eternidade
De um luar
Aberto sobre a terra,
No céu da minha noite sem estrelas!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Amo-te


Chamam-me do lado de lá,
Do futuro adiado,
Espero...
Quero pensar, mas a voz continua,
Ou o seu eco!
Por favor, calem-se!
Quero pairar sobre mim,
Descobrir o que é este entranhar-me
Em sentimentos desconhecidos,
Estas emoções mágicas
De sonhos transformados em nuvem
Voando até ti!
Lancei as minhas palavras em letras soltas
Em bolas de sabão que sobem,
Sobem ...
Quando elas rebentam no ar,
As letras juntam-se num bailado,
E no céu apenas se lê:
Amo-te!
No azul, as letras fazem uma dança de roda!
Em todas as posições, dizem sempre o mesmo.
De mãos dadas,
Não mudam de posição,
Não se desencontram
E só se lê: amo-te!

Vento

Confinada ao ritmo do tempo que sei,
Afasto-me de ti...
No ar fica o perfume das tuas mãos
Dançando num teclado de estrelas
Enviando mensagens às minhas...
Assim, a saudade não tem cheiro
E as nossas peles não se dispersam
Num universo vazio de nós!
Fundidas,
Tocam melodias de ventos mansos,
Brisas suaves,
Levantando a orla da minha saia!
E nas minhas pernas perversas
Ele deixa recados de almas que não decifro,
Por demasiado loucas...
Gira-me em torno do corpo,
Lambe-me os joelhos...
E em cada segundo
Deixa uma espera
Que o futuro resolverá!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Tempo

Não questiono a vigília,
Mas não a procuro...

Quando cruzo os céus e os mares
À procura de respostas,
Voo contigo
Num estado de delírio que me quiseste dar...

Não sei quem comanda o sonho
(Ou o sono)
Mas sei que torna a vigem mágica!

Vejo-te mudo
Através da vidraça empoeirada pelo tempo...
Esfumas-te por instantes
Num tempo para lá do tempo,
Tomas a forma de um corpo...

Revejo a tua face e o teu sorriso,
Reduzo a distância,
Nos teus braços,
Ao zero absoluto!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Carícias



Não receio que me olhes,
Não receio que me tentes,
Me rodeies,
Me empurres,
Me puxes...

Não te fujo,
Não te enfrento...

Abandono-me
Às carícias quentes
Que se apoderam do meu pensamento,
No brilho das armadilhas que colocas no céu!
Cruzo o teu olhar
E a tua pele,
Passo pelas tuas partículas
E entranho-me em cada poro
Do teu ser.

Afago-te o gesto,
Apodero-me do teu momento...
E consumida de desejo
Possuo-te a alma!