sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Vive

Reclina a tua fronte em meu peito,
Descansa a tua dor em minha paz;
Conta-me da mágoa que em teu leito
Escondes calado, sem palavras vãs.

Deixa-me secar essas duas lágrimas
Que teimam em bailar num mar de algas,
Percursoras de vidas ázimas
Que urge fermentar, mas que tu salgas.

O carinho e a ternura semeiam-se,
Adubam-se, livram-se de ervas daninhas,
Guiam-se para a luz e anseiam-se
Doçuras que tu apenas adivinhas.

Corre e apanha a vida que não vives,
Salta e percorre uma outra etapa,
Solta a alma e verás que sobrevives
E nem um fio de luz do Mundo se te escapa.

Estende a tua mão, eu te amparo
Abre o teu coração, eu te entendo
Mas não te abatas que é ignaro
Quem deixa a luta vencedor sendo.

Nasceste para lutar e depois vencer
Assim te quero, assim te sinto
Olha-me nos olhos, vais ver
Outras algas que te prendem. Não minto!

Vem! Corre a meus braços e chora
Grita, sufoca, blasfema ou ri.
Pouco importa se, por ora,
Não quero ver mais do que já vi!

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