quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eu te odeio... eu te amo...

Eu te odeio, homem,
Por ti, mulher ofendida
Por ti, mulher de outrem
De ti esquecida

homem, eu te odeio
Pela mulher que usas
Sem carinho nem receio
Quando dela abusas.

Eu te odeio, macho,
Pelo amor que não dás,
Pela paixão que te não acho,
Pelas tuas palavras vãs.

Macho, eu te odeio
Pela fúria com que tocas
Da mulher, seu seio,
Em certas horas loucas.

Eu te odeio, Ser letal,
Com toda a convicção
Do que meu corpo, gelo e sal,
Sente ao toque de tua mão.

Eu te odeio, Ser horrendo,
Com furiosa paixão.
Amor e ódio vão sendo
Hastes de um só diapasão!

Eu te amo, Homem,
Por cada mulher acarinhada,
Diferente das que sofrem
Porque bem amada!



Homem, eu te amo
Por cada Mulher que fecundas
Sem raiva nem engano,
Duas almas juntas!

Eu te amo, Ser viril
Com minha alma de Mulher,
Flor do mês de Abril,
Pétala de malmequer.

Eu te amo, Ser de mel,
Lírio puro de veludo,
Quando toco tua pele
E meus lábios pedem tudo!

Eu te amo, Homem,
Ser íntegro, verdadeiro,
Amante, amigo também,
Homem... por inteiro!



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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A um ideal

Quero agarrar tua mão,
Um a um beijar teus dedos,
Dizer sim quando a lei é não,
Espantar os medos!

Quero acariciar teus cabelos,
Morder teus lábios cheios,
Esfregar, furiosa, em teus pêlos
Meus seios!

Quero possuir-te inteiro,
Eu, pela metade possuída,
Num Tempo Absoluto, Primeiro,
De Vida!

Quero ser tua e que tu sejas meu
Eu, Tu, Nós, um Todo,
Tudo o que a Natureza me deu
Em fogo!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Paisagem

A água escorre pura,
Prata saltando a rocha,
Luz de minha noite escura,
Da madrugada minha tocha.

As pedras lisas refulgem
E o cenário se compõe,
As margens tristes se tingem
Do ouro que o sol lhes põe.

O verde fica mais dourado,
As velhas pedras mais vetustas,
O azul da água prateado,
As nossas vidas mais curtas.

E as margens se alongando
A nossos olhos esfaimados...
Os pássaros passam em bando
Lembrando sonhos cansados.

De que nos vale sonhar
Mais, mais e sempre mais
Se, quando o dia acabar
Não saberei onde tu vais?

De que serve, debaixo da ponte,
Espreitar o outro lado
Se, por mais que eu conte,
Não o serei como era dado?

A vida que está de lá
É igual, sem tirar nem pôr,
À deste lado de cá:
Mais amor, menos amor...

De que serve dares-me a mão
Se já não tenho o braço?
De que me serve o coração
Numa vida de cansaço?

A paisagem bem ri, serena,
Querendo dar-me paz,
Mas não traduz mais que a pena
De não ser capaz!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Chuva

A chuva cai serena e pura
Lavando a minha alma
De uma carapaça dura
Aparentando calma!

O que vai no meu peito
Não é calma, é dor
De uma paixão que tem por leito
Um glaciar debruado a calor!

E eu peço: calor desfaz o gelo,
Gelo arrefece o fogo!
Mas o frio continuo a tê-lo
Porque o calor foge logo!

E o frio em mim permanece
Porque o gelo não se desfaz;
O calor que o aquece
Não tem força capaz!

Só a chuva ameniza meu ser,
Diminui o frio que queima.
E o gelo, a aquecer,
Ainda assim teima, teima...