quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Lobo Antunes

Para libertar aqueles que não gostam de poesia, apresento um aperitivo ...

Leiam a obra!

“Conhecimento do Inferno” de António Lobo Antunes

• Narrador explicitamente identificado com o autor, vagueando pela descrição dos factos ocorridos no tempo “presente”, sentimentos, devaneios ou recordações, entre uma primeira pessoa (trechos onde se questiona violenta e intensamente sobre a sua profissão e o seu papel no mundo que o rodeia ou, simplesmente, mais emotivos) e uma terceira pessoa que se encarrega das descrições mais frias do quotidiano;
• Trechos claramente autobiográficos em parceria com outros que o narrador nos faz acreditar que o são, apesar de poderem ser ou não;
• Passagem de um narrador a outro de forma brusca, às vezes dentro da mesma frase;
• Não há uma acção, mas várias a decorrerem ao mesmo tempo e a serem chamadas quando o narrador bem entende;
• Riqueza de construção frásica, de mistura de sensações impensáveis. Podemos sentir os sons, apalpar sentimentos, ouvir cores...;

o Genericamente, poder-se-á dizer que o narrador fala essencialmente do seu trabalho como psiquiatra num hospital de loucos enquanto nos dá a conhecer as suas vivências em Angola no cumprimento da vida militar, as suas dúvidas acerca da profissão que exerce, das opiniões que oculta... Imagina-se, então, a manifestar os seus pensamentos. Os seus colegas passam a tratá-lo como um louco e ele sentirá na sua pele o que é o Inferno (a loucura e seu tratamento). Daí o título da obra.


Excertos de “Conhecimento do Inferno” de António Lobo Antunes

“O mar do Algarve é feito de cartão como nos cenários de teatro (...)” p.11
“Deitado na cama, abraçado à Luísa, via as cortinas agitarem-se na claridade fosforescente de uma aurora de celofane, e perguntava-se a si próprio, intrigado, se o amor que fazia não passava de um exercício frenético dedicado a um público inexistente(...)” p.12
“Ao fim do dia lambia a tua pele como as vacas o côncavo das rochas, essa teia de aranha esbranquiçada que o sol estende no ventre em desenhos concêntricos como o alcatrão na areia da vazante, e se prolonga até aos pelos do púbis num gesto inesperado de marisco.” P.13
“Saía da Quinta da Balaia na direcção de Lisboa” p.14
“Passou defronte do escritório da Balaia, junto ao campo de ténis e aos canteiros de flores amarelas cujas pétalas se abriam devagar à maneira de coxas no ginecologista, submissas e inertes entre os dedos enluvados do sol(...) “p.17
“Nunca mais esqueceria, pensou quando o portão da Quinta da Balaia surgiu no alto, aberto para a estrada de Albufeira, e se dirigiu devagar ao seu encontro, a casa de saúde na periferia de Lisboa que visitava com os pais no Natal (...) O Natal era para ele adolescentes disformes que se babavam em bancos de pau abrindo e fechando terriveis bocas sem dentes, velhas de bibe a requebrarem-se em acenos de cocotte, o som inlocalizável de um piano vertical hesitando uma valsa, a arrancar penas a Chopin como a um frango vivo.” p.18,19
“Procurou às cegas a garganta de Paul Simon no porta-luvas e introduziu-a na ranhura de caixa de esmolas do leitor de cassetes (...) “ p.20
”Foi em África, nos países dos Luchazes, que eu soube que em Lisboa não existia a noite” p.22
“ Um dia em que passeávamos no arame farpado, perto do posto de sentinela dos milícias agarrados como náufragos a antiquíssimos bacamartes inúteis, voltou-se para mim e declarou-me, no seu português reinventado, cheia de miraculosa frescura de uma redondilha de Bernardim, que em Lisboa a noite não havia, surpreso por eu chegar de Portugal e não conhecer essa evidência.” p.24
“E só em 1973, quando cheguei ao Hospital Miguel Bombarda para iniciar a longa travessia do inferno, verifiquei que a noite desaparece de facto da cidade, das praças, das ruas, dos jardins e dos cemitérios da cidade para se refugiar nos ângulos das enfermarias, como os morcegos, nos globos do tecto das enfermarias e nos velhos e esbeiçados armários de medicamentos, nos aparelhos de electrochoque, nos baldes de pensos (...)” p.27
“Saiu da Quinta da Balaia, (...) O meu país, decidiu, são os painéis de Nuno Gonçalves sob a impiedade da luz, faces secas e humildes talhadas sem simetria na madeira dos músculos (...)”p.29
“E lembrou-se do Algarve no Inverno(...) Lembrou-se do ar claro e frágil como vidro que as pétalas da chuva manchavam levemente à maneira de hálito de minúsculas bocas na janela, de Portimão afogada entre as nuvens e a ria no cinzento minucioso da tarde, em que os contornos de todas as fachadas surgem mais nítidos e precisos (...) empilhados uns sobre os outros numa desarrumação febril, das luzes de Portimão iguais a jóias falsas numa montra, sentámo-nos no restaurante, procurei com o meu sorriso a tua boca e desatámos a rir, por cima do bife, a alegria de nos descobrirmos mutuamente, de nos inventarmos, como as crianças. Um morse apaixonado de sinais. Lembrou-se de Portimão e da areia da Praia da Rocha no Inverno, (...) lembrou-se da Isabel a explicar que nunca tivera orgasmo, que sou frígida, que as relações sexuais não eram importantes para ela, que durante o casamento se deitava o mais longe possível do marido a fim de não tocar um corpo cuja inércia ansiosa a repelia, e depois, nessa noite, das pernas derramadas sobre a cama e dos gritos de cadelinha assustada do seu prazer, dos guinchos da cadelinha assustada por um milagre inesperado. Gosto tanto do teu peito, pensou a ultrapassar um tractor (...) gosto tanto do teu peito, do bico duro das tuas mamas e do espaço cavado e tenro que as separa, dos arames de fusíveis do púbis que encontro, enrolados, na banheira, e dos dedos dos pés bons de morder, de chupar, de lamber enquanto a tua cara se torce de cócegas ao longe, a dizer que não, de olhos fechados, na planície em desordem dos lençóis.” p.31
“O Hospital Miguel Bombarda, ex-convento, ex-colégio militar, ex-Manicómio Rilhafoles do Marechal Saldanha. É um edifício decrépito perto do Campo de Santana(...)” p.35
“Era em Junho ou Julho(...) de galões nos ombros, eu via desfilarem diante de mim os rapazes de Elvas que o Exército convocara, chamara, arregimentara para defenderem em África os fazendeiros do café, as prostitutas e os negociantes de explosivos, os que mandavam no País em nome de ideais confusos de opressão. Eu aguardava o meu próprio embarque contando os dias, as horas de prazer que me restavam decorando à pressa o teu corpo como um livro desconhecido antes do exame, e via, sentado à secretária, desfilarem diante de mim os rapazes de Elvas no ginásio fechado, que o fedor das virilhas, do excesso de pessoas e das roupas abandonadas no chão, empestava como o de um curro trágico e triste. Levantei-me a pretexto de urinar(...) As flores do quartel apodreciam ao sol no relento de amoníaco, no relento de pus das flores que agonizam, de caules inclinados para o chão em espirais pálidas de anemia, e das paredes escorria, como resina, a tinta que o calor liquefizera(...) Estive (...) a pensar que me haviam mandado a Elvas não para salvar pessoas da guerra mas para as enviar para a mata, mesmo os coxos, mesmo os marrecos, mesmo os surdos porque o dever patriótico não excluía ninguém, porque as Parcelas Sagradas do Ultramar necessitavam do sacrifício de todos, porque o Exército É O Espelho Da Nação, porque o Soldado Português É Tão Bom Como Os Melhores, porque o caralho da cona do minete do cabrão do broche da puta que os pariu, estive a ver, encostado a uma coluna de pedra rugosa os futuros heróis, os futuros mutilados, os futuros cadáveres(...) Voltei para o ginásio, sentei-me à secretária, levantei a cabeça e o meu nariz encontrava-se à altura de dezenas de pénis que rodeavam a mesa aguardando que os observasse, os medisse, os aprovasse para a morte. Não eram rostos, nem pescoços, nem ombros, nem torsos, eram dezenas e dezenas de enormes pénis murchos que se haviam acumulado ali na minha ausência, de testículos pendentes, de repulsivos pêlos escuros e compridos, dezenas de pénis quase encostados aos meus olhos em pânico a ameaçarem-me com as trombas moles das suas peles” p.43
“- O que faço aqui?
Perguntou-se ele olhando um homem que urinava ao sol, (...) porque não saio a correr o portão e me especializo em dentista, ou pediatra (...) “ p.48
“Estou em Auschwitz, pensou, estou em Auschwitz, fardado de SS, a escutar o discurso de boas-vindas do comandante do campo enquanto os judeus rodam lá fora no arame a tropeçarem na própria miséria e na própria fome, estou bem barbeado, (...) pertenço à raça superior dos carcereiros, dos capadores (...) e em vez de se revoltarem contra mim, as pessoas aceitam-me com consideração porque a Psiquiatria é a mais nobre das especialidades médicas e é necessário que existam prisões a fim de se possuir a ilusão imbecil de ser livre, de poder circular na praça de Albufeira esporeado por uma esposa autoritária, apavorado com o Sábado depois do jantar em que ela me devorará, na cam, com as gigantescas mandíbulas da vagina, obrigando-me a suar sobre a geleia do seu corpo a ginástica do desânimo conformado.” P.49
“(...) o tempo e as distâncias: um luxo que os asilados se não podiam consentir porque os amputávamos do passado e do futuro e os reduzíamos, por meio de injecções, de electrochoques, de comas de insulina, a bichos obedientes de expressões trituradas pelo desinteresse e pelo medo. De pé no meio das mesas aspirava o relento do urinol vizinho, em que se mijava contra placas de pedra ao longo das quais escorria, por intermédio de um sistema ferrugento de tubos, uma baba musgosa de água que arrastava molemente os cagalhões por um veio de cimento, na direcção de um ralo improvável: e pareceu-me, fitando as fezes que boiavam devagar, que elas giravam interminavelmente em círculo no asilo (...) empestando tudo do seu odor podre” p.175
“(...) os psiquiatras gostam dos defuntos, pensei, amam os defuntos com ternuras sequiosas de vampiro. Gostam de adormecer as pessoas com pílulas para a seguir se debruçarem sobre elas, a gargalharem em silêncio, imaginando-as mortas nos quartos das clínicas, a fim de lhes sugarem a alegria, a tristeza, o entusiasmo, a raiva, o desânimo das veias e as transformarem em bichos empalhados e lentos, de pupilas vazias, indiferentes a tudo, babando-se nas salas de convívio (...) p.192
“Tinha o rosto de agora, o que encontro de repente, surpreendido nos espelhos, estúpido, melancólico, bovino, o rosto mole e envelhecido de agora, a boca, as rugas, as madeixas quebradiças, o rosto idiotamente sabido de psiquiatra que uma barba de musgo sombreia, o meu rosto pateta de carrasco.
O rosto opaco de ouvir em silêncio, doutamente, de falar doutamente do sofrimento alheio, indispensável ao sofrimento alheio, o rosto de me esconder atrás de mim a espiar a tristeza dos outros, a alegria dos outros, a ansiedade dos outros, o rosto que se esvaziava quando as consultas terminavam e se torna grotesco e oco como as máscaras de carnaval numa montra (...) p.194
“(...) de todos os médicos que conheci os psicanalistas, congregação de padres laicos com bíblia, ofícios e fiéis, formam a mais sinistra, a mais ridícula, a mais doentia das espécies. Enquanto os psiquiatras da pílula são pessoas simples, sem veredas, meros carrascos ingénuos reduzidos à guilhotina esquemática do electrochoque, os outros surgem armados de uma religião rigidamente hierarquizada, com os seus cardeais, os seus bispos, os seus cónegos, os seus seminaristas já precocemente graves e velhos, ensaiando nos conventos dos institutos um latim canhestro de aprendizes. Dividem o mundo das pessoas em duas categorias inconciliáveis, a dos analisados e a dos não analisados, ou seja, a dos cristãos e a dos ímpios, e nutrem pela segunda o infinito desprezo aristocrático que se reserva aos gentios, aos ainda não baptizados e aos que se recusam ao baptismo, a estenderem-se numa cama para narrarem a um prior calado as suas íntimas e secretas misérias, as suas vergonhas, os seus medos, os seus desgostos. Nada mais existe para ele no universo além de uma mãe e de um pai titânicos, gigantescos, quase cósmicos, e de um filho reduzido ao ânus, ao pénis e à boca, que mantém com estas duas criaturas insuportáveis uma relação insólita de que se acha excluída a espontaneidade e a alegria. Os acontecimentos sociais limitam-se aos estreitos sobressaltos dos primeiros seis meses de vida, e os psicanalistas continuam teimosamente agarrados ao antiquíssimo microscópio de Freud, que lhes permite observar um centímetro quadrado de epiderme enquanto o resto do corpo, longe deles, respira, palpita, pulsa, se sacode, protesta e movimenta.” p.205
“ – O que é que há de inquietante no orgasmo? (...)
– O orgasmo em Carcavelos, mergulhados no leite da mãe até ao pescoço, torna-se menos inquietante – disse eu. – Abre-se a boca para gemer e entra-nos um cagalhão pela garganta.
O psicanalista considerou-me com desprezo (...)
– Falismo adolescente, exibicionismo, desenfreada competição com o imago paterno – discursou ele (...) “ p.206/7
“Os internados da 8.ª enfermaria, à falta de mulher, penetravam às escondidas com o pénis as nádegas uns dos outros, ou masturbavam-se no refeitório, de boca aberta, manipulando com os pulsos desajeitados os tufos magros da braguilha. O orgasmo subia como uma onda, uma onda de merda, e recuava abandonando na areia das coxas uma espumazinha amarelada. Eu tinha os meus orgasmos em casa, depois do jantar e da boite, com Shirley Bassey a cantar-me baixinho ao ouvido cumplicidades de violinos. Ficava a fumar estendido de costas nos lençóis procurando com a mão o JB sem água que a mãe, a mulher, ou os filhos de um internado lhe haviam oferecido dias antes embrulhado em papel de seda, no intuito de amaciar a pergunta
- Que tal está ele, senhor doutor?
que se não atreviam a fazer porque os médicos são pessoas demasiado importantes (...) esqueciam-se no momento seguinte das suas promessas, entretidos a discutir a última novidade psiquiátrica de Paris, de Londres, de Chicago, de Nova Iorque, e a última teoria, o último medicamento destinado a eliminar a inquietação do orgasmo.”p.211
“ Não percebiam que a única coisa a fazer era destruir o hospital, destruir fisicamente o hospital, os muros leprosos, os claustros, os clubes, a horta, a sinistra organização concentracionária da loucura a pesada e hedionda burocratização da angústia, e começar do princípio, noutro local, de uma outra forma, a combater o sofrimento, a ansiedade, a depressão, a mania. “ p.230
“Estou numa sala enorme cheia de camas vazias (...) tenho uma mesa de cabeceira de ferro com um prato de alumínio em cima a servir de cinzeiro, afasto a roupa para me levantar, os lençóis, o cobertor, a colcha rota, começo a erguer-me, o corpo inteiriçado recusa-se a mover, não me obedece, procuro apoiar-me nos varões, a mão escorrega, o soalho aproxima-se de súbito de mim, devo ter batido com a cara mas não sinto a dor (...) Puxam-me para cima, sentam-me no colchão, a cabeça rodopia-me, gira, as ideias confundem-se, como é que me chamo, que dia é hoje, quantos anos tenho, lembro-me vagamente da empregada do especialista a guardar as notas na gaveta(...) O arame que me introduziram nas nádegas continua a doer-me, dois filamentos de ácido que me prendem os músculos, um fulano quadrado, de pijama, assiste a chupar um charuto de jornal. O da bata pede-lhe Traz-me mais compressas e o frasco de álcool, e para mim Põe o queixo no ar como se fosses uma foca. Quero ir para casa digo eu, quero ir para casa agora, quero chegar a casa, tomar banho, mudar de roupa, lavar os dentes, esperar que chegues lendo o Stefan Zweig no escritório, ouvir o ruído da loiça na cozinha, farejar o cheiro da comida, enterrar a cara no vapor de sauna do caldo verde, apetecer-me cantar. Mais uns diazitos na suite e levas alta, garante a bata. Porque é que não me posso ir embora já pergunto eu, e reparo que a minha voz soa lenta e difícil, a língua enrola-se-me, viscosa, nas gengivas. Ora aponta lá o queixozinho para o tecto resmunga a bata” p. 242, 243
“Por qualquer motivo que desconheço moro num sonho inventado com chuva verdadeira dentro. A chuva vai desbotar o meu rosto, vai desbotar os meus olhos, vai desbotar o meu cabelo como tudo aqui está desbotado, as pessoas, as paredes, os lençóis, as palavras. Então como vai isso diz alguém jovial nas minhas costas. Palmada no ombro. Inicio a difícil manobra de voltar-me. Isso é que tem sido descansar estás para aí podre de sono insiste a voz, trouxemos-te uns miminhos para adoçar a boca. Consigo rodar o corpo e eis a família de pé à cabeceira, risonha, amável, condescendente, terna, Que óptimo aspecto que tu tens. Quero responder e as frases não se soltam, agarradas ao céu da boca como caramelos Levem-me para casa. O meu irmão diz A gente não te afiançava que precisavas de repouso ora vai-te ver ao espelho e repara na diferença” p.244
“O enfermeiro vem buscar-me O médico quer falar contigo. Não quero ir ao médico, digo eu, não quero que me façam como àquele. Acho-me fraco de mais, o corpo não me obedece, os membros bambos oscilam, tropeço num corredor húmido e escuro onde há gente que espera sussurrando baixinho encostada à parede. (...) Que remédio me deram inquiro eu. Você estava excitado e fomos obrigados a sedá-lo um bocadinho, diz ela,(...) É mais um dia ou dois e pronto, diz ela, vai-se embora. Não acredito em si, digo eu, fecharam-me aqui para me matarem. Que ideia diz ela, isto é um hospital não é uma câmara de gás. As câmaras de gás nunca se parecem com câmaras de gás, digo eu, a senhora toma-me por parvo. Eu não o tomo por parvo, diz ela, você é que está aflito: seria bom que descobríssemos o motivo por que está aflito não acha?” p. 246
“A médica torna a coçar a cabeça com a esferográfica: continua delirante, diz ela, vamos ter de esperar mais algum tempo. Em todo o caso a medicação atira-o bastante abaixo, diz o enfermeiro, dormiu quarenta e oito horas só com uma seringa. (...) Talvez alterar aí a papeleta, diz o enfermeiro, enfiar-lhe uma droga diferente. Acho-o sobretudo ansioso diz a médica. Não estou ansioso, digo eu, quero é pôr-me no pira.” p. 247
“Alça, diz-me o enfermeiro, vamos voltar para o oó. (...) O enfermeiro ajuda-me a deitar, puxa-me a roupa para cima, fico a olhar o tecto, os grandes globos de vidro despolido, o arquipélago de nódoas de estuque, as minhas pupilas viajam como insectos na superfície clara, de tempos a tempos um condenado passa por mim a arrastar as pernas no soalho (...)”p.248
“mal me dei conta de o meu pai se levantar, apagar a luz e (...) triste me puxar o lençol, para cima da cabeça, como um sudário” p.315

7 comentários:

clautixa disse...

já li um livro de Antonio Lobo Antunes, e tenho curiosidade em ler mais algumas das suas obras:)

António disse...

Olá!
Isto tem de ser lido mais cedo.
Agora já é tarde...eh eh.

Beijinhos

António disse...

Olá!
Nunca li nada do Lobo Antunes.
Nem do Saramango.
Nem de muitos outros.
Não me dá gozo ler.
Já gostei...agora não.
Gosto de escrever.
Gosto de ser agente activo e não passivo.
Pode ser que reganhe o gosto de ler, um dia, não sei...
Li estes extratos que aqui deixaste.
Fica-me a sensação que o Lobo Antunes deve ter livros óptimos.
Talvez um dia o leia.
Talvez.

Beijinhos

António disse...

Em má hora fiz o upgrade do Blogger!
É só problemas.
Nem tenho tempo para pensar no que hei-de escrever.
Que chatice!

Beijinhos

António disse...

Olá!
Obrigado pelo que me escreveste.
Podes usar o endereço que te dei.
E então?
Matosinhos?
Porto?
Vila do Conde?
Santo Tirso?
Valongo?
Fico à espera, ok?

Beijinhos

Anónimo disse...

Bom dia, vim ao teu cantinho agradecer a tua visita e dizer-te que a aldeia é Figueira de Castelo Rodrigo.
:)

o alquimista disse...

E a lenda acontece. Em cada noite na Baía do Silêncio queda-se o céu na noite sombria, solta-se o sonho a fantasia...
Luminoso domingo...

Doce e terno beijo